2. Vinte e Cinco Anos

 

Vinte e cinco anos 

São metade de um cinqüentenário.

Vinte e cinco anos de intensos fatos,

De alegrias e choros. 

Brinquei de esconde-esconde, pega-pega,

Amei à primeira vista,

Fiz juras de amor.

Tive raiva e fugi de muitas pessoas.

Teci alguns dias de angústia,

 Pulei corda, sonhei que ficava rico,

Fiz minha primeira eucaristia por três vezes.

Fui à missa com raiva,

Crismaram-se sem que soubesse por que, 

Briguei com Deus,

Perdi pessoas amáveis,

Chorei rios de lágrimas,

Exagerei nas verdades e

Contei algumas mentiras. 

Minha infância delicada e anormal foi tecida com

Muitas renuncias, junto com alguns instantes de medos

Sobrou-me encantamento.

Fui à cidade maravilhosa,

Adorei visitar com Fortaleza,

Senti-me sozinho em Recife e não gostei de Maceió. 

De Salvador tenho boas lembranças,

Apesar dos muitos trabalhos...

São Paulo me deixa triste,

Em Natal desci pelas lindas dunas,

Na Bahia vivi os melhores dias de seminário... 

Beijei com amor romântico minhas ex-namoradas,

Supus gostar de alguém, e me enganei.

Briguei com amigos e amigas, me senti só e tentei fugir de mim mesmo.

Em vão me pus a re-brigar com Deus.

Ele venceu a batalha.

Fui seguir o seu filho, Encantei-me com seu projeto

E hoje me sinto feliz em celebrar 25 anos e 7 de seminário.

Já sou noviço, mas passei por muitas crises,

Faz pouco tempo, me decepcionei com pessoas,

Sorri com os curitibanos, errei em julgá-los mal, 

Visitei muitos parques,

Brinquei com as Paraguaias,

aprendi italiano e espanhol,

Desaprendi o português e tornei-me tagarela.

Nesses anos já vividos, perdi alguma inocência,

Senti saudade dos meus,

Tive vontade de voltar à Campina Grande,

Mas ficou tudo no desejo. Permaneci em Curitiba!

 Agora ouvindo sangue latino, ainda na presença do Ney,

Agradeço ao criador pelos anos vividos,

Pela falta de fé e pelos êxitos instantâneos.

Elevo-lhe uma prece, pedindo sabedoria, depois de ter feito filosofia

E ter aprendido que a felicidade é uma inquietação.

 Faz dias que medito sobre a solidão,

E Que escrevo poesia, mas não as deixo ninguém ler.

Brinco com as palavras assim como as crianças brincam com a terra:

Sujando-me e me divertindo.

Já não me importo com as críticas,

Nem tampouco com os elogios.

Perdi a ingenuidade... Minha prece é também pelos pobres,

Pelos que não têm comida, nem cultura e muito menos saúde.

Que Ele conceda-nos força, para construirmos um mundo melhor,

Onde todos tenham mais vida,

Mesmo que o custo seja alto... 

Parece meu texto quer expressar uma coisa,

Que há vinte e cinco anos atrás,

Nascia um menino feio (todas as crianças são feias ao nascer...)

Que soube viver com intensidade,

Os prazeres e desprazeres da cidade,

Do campo e dos lugares,

Por onde pisou os pés. Querem dizer que valeu a pena,

Falar aos amigos que amem a vida,

Mesmo quando parece não haver saída,

Para problemas insanos. Como diz G. Magalhães,

a vida é um hino de amor

E seja do jeito que for, vale a pena apostar nela.

Se pedissem pra morrer hoje,

Deixaria essa vida feliz, pois os dias que me foram dados

Vivi com intensidade, com um pouco de momentos tristes,

Com crises e dificuldades, mas com inquietações,

E lutas por felicidade. Obrigado aos amigos que conheci,

os das cidades distantes e os

Que comigo convivem.

Perdão pelas falhas constantes

E não se esqueçam todos,

Que além de amigos somos amantes.

Literalmente!