18. Ser Compadecido

Ser compadecido


Mistério não se mede,

Nem se fala. Só silêncio.

Cala a voz que insiste e fala,

Grita um aberrante lamento.

 

 

Prisão da existência:

O corpo clama por transcendência.

De si, de Deus, do firmamento.

 O corpo que superar a si.

Ir mais longe, navegar outros mares, partir.

Só em pensar, voa

Na direção do mistério.

Mas o pensar esbarra na solidão, na surdez.

A voz cala, o os lábios um canto entoa:

“como o mistério é infantil, não é sério”!

É alegria fortuita, fluida rapidez,

O canto também silencia, como a voz

 

 

Por causa do imenso vazio

O mistério penetra meu corpo

Pensamento e voz, ficam saídos:

Foram-se o grito, a existência nos mundos traídos.

O corpo morre. A alma escorre e o mistério reaparece:

Alegre, como a criança, pasmo, com todo ser compadecido!